31 dezembro 2010

Retrospectiva

- Olha, fico contente que este ano tenha terminado, se eu tiver que passar mais um ano que parecido com o de 2010 é melhor Deus deixar de brincadeira e me mandar pro inferno logo.
- Que isso, cara! Fala assim não que a vida é dura, mas tem sempre seu lado bom!
- Porra! 2010 foi uma merda! Perdi meu emprego e tive conseguir um outro que me paga 3 vezes menos, fui jubilado da faculdade, minha mãe está internada porque endoideceu depois de cuidar da minha avó que sofre de alzheimer e hoje está ligada a uma máquina que a mantém viva, meu pai foi viver com um homem, fui assaltado 3 vezes este ano, broxei 2 vezes, meu carro foi incendiado, perdi o feriadão da semana santa porque tive que operar com emergência uma pancreatite, e aqui estou eu passando o reveillon em casa na internet e com uma perna recuperando de uma fratura. Quando se vive um ano tão desgraçado é difícil dizer que teve seu lado bom.
- Humm... mas isso foi 2010, será diferente em 2011, se anime porque pelo menos você sobreviveu a isso tudo.
- Me animar eu não vou não, mas devo dizer que tenho o contentamento de saber que 2010 acabou, até um pouco de esperança que seja sim melhor as coisas em 2011. E você tem um pouco de razão, eu sobrevivi a tudo, apesar que me senti muitas vezes deprimido e com raiva da vida eu segui em frente, passei a me sentir até mais forte.
- Como eu disse: "a vida é dura, mas tem sempre seu lado bom!", você se fortaleceu...

30 dezembro 2010

Nem tão contra ao bullying...

Falar de bullying é a moda deste momento, uma coisa que sempre existiu e continuará acontecendo mas que agora nomeada por um nome técnico, em sua descrição¹ "Bullying é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma."
Um grande problema com esse modismo é a sua imprecisão, pois por violência psicológica é fácil demais enquadrar toda e qualquer tipo de crítica que outrem atribui a um indivíduo. É no mínimo paradoxal, pois a chance de existir alguém que não tenha como origem violência psicológica é nula, a vida psíquica humana nasce de violência psicológica, viver como ser humano é lidar com o desprazer de nunca estar completo ou tendo alcançado uma finalidade. Por "estar completo" e "alcançado uma finalidade" quero dizer que não somos livres, sempre necessitamos como seres sociais de lidar com insatisfações próprias e de outros, coisas pequenas como ouvir um "não" é uma forma de violência que retira do ego a possibilidade de se limitar a ele próprio, de ter de dar conta de ter outro objeto.
Fazer com que agressões sejam desde cedo desencorajadas tem sua coerência, já foi tempo que agredir alguém era fazer justiça com as próprias mão e, mais ainda, vivemos em uma época que não é o castigo sobre o corpo que legitima poder, poder é legitimado com dinheiro, beleza e sucesso. Quando uma criança chama a gorda de Free Willy, ou mesmo quando chama de um simples "orelha de abano", é uma espécie de "bem-vindo ao mundo real", porque geralmente não é mamãe que diz "Você está gorda como uma baleia.", tal como o mundo olha para uma pessoa obesa, até a Organização Mundial de Saúde considera obesidade um problema, no entanto parece que existe uma esperança que pessoas decidam deixar de ser obesas por vontade própria ao invés de buscar emagrecer para poder dizer "Pude deixar de ser gorda, difícil agora é você deixar de ser um(a) idiota!"
Devo concordar com parte dos argumentos de Marco Antonio Araujo em Sou a favor do bullying. Criar crianças que aprendam a chorar ao invés de se impor frente as opiniões negativas dos outros é cruel, é querer fazer um bem que frequentemente leva a um mal ainda pior.
No dia que para pessoas adultas não julgarem outras pessoas adultas por: Ser negro demais/ negro de menos/branco demais/ branco de menos, muito religioso/nada religioso, gordo demais/magro demais, ser muito pobre/ ser muito rico, ser muito gay/ ser muito hetero, beber demais/ não beber, ser sincero demais/ ser pouco sincero/ ser mentiroso demais, etc, daí repensarei meus conceitos.
A minha opinião a respeito do bullying é que as escolas são cada vez menos destinadas a promover conhecimento, a tarefa de professores policiar seus alunos é vergolhosa - seja pelo fato do professor ser pessimamente remunerado ou por retirar dos pais o dever de educar adequadamente seus filhos (se a escola não encontra problemas com ele está tudo certo!).

1- Extraído do Wikipédia

17 dezembro 2010

Figuração de uma vida

Saia todos os dias, pegava sempre o mesmo ônibus no mesmo horário, fazia sempre as mesmas coisas, via sempre as mesmas pessoas, sorria sempre do mesmo jeito, andava sempre com mesmos passos, falava sempre com mesmo tom.

Chegava à casa sempre no mesmo horário, fazia sempre a mesma comida, ouvia sempre as mesmas músicas, lia sempre o mesmo autor, dormia sempre no mesmo horário.
Sentia sempre a mesma dor, ia sempre no mesmo médico, recebia sempre a mesma receita, fazia sempre os mesmos exames, recebia sempre os mesmos resultados.

Um dia tudo mudou. Demorou as pessoas perceberem, e para a maioria foi necessário alguém dizer, a mudança: Wagner havia morrido: suicídio. E foi por isso que por meses não pagou as contas, que faltou ao trabalho, que não foi ao médico. Deixou várias cartas de despedida, e todas elas com datas diferentes. Todas reclamando a vida não ser uma coisa boa. Todas dizendo que o mundo deveria ser diferente. Nenhuma das cartas fazia indicação se um dia ele tentou fazer-se diferente ao mundo.

- Pobre Wagner! Demorou meses para mudar... mas mesma a sua nova condição, a de morto, ninguém a notou por vir a procurá-lo, nada mudou com sua morte.

Wagner teria sido o perfeito exemplo, se alguém lembrasse de sua vida, do quanto viver é mais que apenas ensaiar, representar um único papel, em cenas do cotidiano: Viveu como um ator figurante, sem improvisos e sempre representando um personagem nada marcante, morreu da mesma forma.

16 dezembro 2010

Amor, solidão, escravidão...

Não sei o que é amor
muitas coisas dizem sobre o ele
mas nada nunca perfeito
nada que seja chegada
algumas vezes apenas partida.
Tentando amor se faz despedida
minha solidão se vai
encontro estanheza, distração
destas dúvidas do que é existir,
que talvez estar só é também aprender
a ter a si por companhia.
Quero brincar, imaginar, rir, sonhar
desejo um universo que desconheço,
mergulho em um labirinto
e me perco, chamando isso de amor.
Por impulso ou desespero me olho
sou tomado por desapontamento
renego o que digo acreditar
pelo medo de metamorfomizar
este que chamo de eu.
O problema de não conseguir voltar
pode vir a ser um dia solução,
sendo sequestrado e cativo
em um labirinto diferente,
deixando de ser escravo de quem sou
involuntariamente, sem culpa e rancor.

13 dezembro 2010

Pergunte ao tempo*

O tempo passa no tempo certo? Ou só como percebemos depois dele passar? Pergunte ao tempo a quanto tempo ele existe. Pergunte se neste tempo foi alguma vez o tempo certo errado, ou o errado certo. Pergunte se ele conhece alguma coisa do seu passado e espera alguma coisa do seu futuro.
Mas não apenas espere resposta, pois é certo que não se sabe o tempo que o tempo responde

Que escravo do tempo tenhamos passado não significa servir com escravidão a todo tempo, nem mesmo mesmo aquele que no devido tempo espera precisa ficar parado ao ver o tempo passsar. Talvez com o tempo haja tempo para o tempo não venha ser ignorado ou superestimado, como quem repete os mesmo erros com o passar do tempo, ou quem não percebe que os tempos não são outros e o tempo é ele próprio o tempo todo.
"Estas rosas sob a minha janela não fazem referência a rosas anteriores ou a rosas melhores; são pelo que são; existem hoje com Deus; é perfeita a cada momento de sua existência... mas o homem adia e recorda. Não é capaz de ser feliz e forte enquanto não viver com a natureza no presente, acima do tempo."¹
 *O texto corresponde a reescrita de uma antiga postagem, título "Questionamentos", neste mesmo blog, a primeira postagem realizada. A escrita original é bastante rudimentar, algo que não diria quando o escrevi. Tive por preferência não deletar, mas seria de bastante satisfação o apagar.
1-
Autor: Ralph Waldo Emerson

10 dezembro 2010

Crianças

- Mamãe, não quero o iogurte!
- Por que? Você não quer crescer? Ficar grande e forte como seu pai?
- Papai não é forte!
- Talvez porque ele não toma iogurte...
- Tá azedo!
- Iogurte é um pouco azedinho mesmo, mas também é docinho... você gosta de bala Juquinha, que é bem mais azedinha que iogurte.
- Então eu quero balinha! Eêêê!!!

01 dezembro 2010

Preconceito aos moradores de favela

Pessoas estão quase orgulhosas da ação que foi promovida na chamada "Guerra ao Tráfico" no RJ, e digo "quase" porque não é raro o lamento de que A BANDIDAGEM não foi eliminada, como que voziferando que todo e qualquer crime e violência tem por motivo a existência daqueles pobres.
Para muitos dos que assistem os ocorridos na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão, mais especificamente os que de longe sabem o que é um morador de favela, está acontecendo uma onda de reclamações infundadas dos moradores às ações policiais.
Pessoas não acreditam que um morador de favela possa juntar 31mil reais, para elas ser morador de favela é ser miserável e incapaz de conseguir dinheiro razoável quando de forma honesta. O policial é muito capaz também de pensar assim e por isso mesmo nenhum problema haveria em confiscar, é uma hipótese. Em minha opinião: No meio do que acontecia, deixar dinheiro em casa não era uma opção inteligente. E dois fatos: Traficante não entra em casa de morador da roubar, o Estado dominar o terrirório que dominado pelo tráfico e isso não significa ter perdido seus agentes corruptos.
Saindo da particularidade de um caso, o geral é que o preconceito ao morador de favela continua impune. O morador de favela é associado ao crime das mais diversas formas, seja como prestador de serviço ou como cúmplice.
Existe quem brada que aquela população não tem o direito que reclamar qualquer incovenientes das ações policiais, que aquelas pessoas deveriam sentir-se plenamente gratas por serem libertadas do tráfico. É uma realidade que pessoas conquistaram parte de sua liberdade, pelo menos por enquanto, mas diferente da maioria da população vivem em estado de excessão, quando circulam tem de provar o direito de transitar, quando abordados tem a obrigação de ter a sorte de não estar desempregado. Podem, neste momento, não serem reféns do tráfico, mas ainda não foram acolhidos pelo estado. Não são respeitados, são considerados pelas autoridades criminosos até provarem o contrário.
A população de favela merece dignidade, merece respeito. Trinta anos de negligência do Estado não podem ser ignorados. O Estado não é herói, pela primeira vez cumpriu sua obrigação. As comunidades em questão não estão no Haiti, estão aqui no Brasil, são brasileiros que precisam ter direitos assegurados, ter: educação, trabalho, saúde, lazer. É uma população que sabe o que é viver o medo, acostumou-se com o som de tiros, que aprendeu a não confiar em polícia por apanhar dela e ser tratado como bandido. Uma população vivia uma violência que invisível aos olhos da classe média e alta, a mesma classe média e alta que faz compras no shopping junto ao exportador de armas e/ou drogas.
Enquanto favelados forem tratados como bandidos, não se poderá culpar¹ plenamente os que aceitaram sê-lo. Viver uma vida de insultos é bem diferente do que a maioria das pessoas são capazes de imaginar. Não são do tipo de pessoas que podem simplesmente deitar em um divã contando suas mágoas e sairem com o sentimento que estão encarando os seus desejos e angústias, são ao contrário pessoas que muito marcadas pela limitação de desejar e fantasiar. O "cidadão" da favela não falta na escola porque está agorofóbico, ele falta porque ele sabe que pode levar um tiro.

1- Não implica merecer impunidade, o que se considera aqui é uma questão de culpa e responsabilidade que nem sempre são atribuições do mesmo ser. Neste caso, o indíviduo deve ser responsabilizado de seus atos, mas a culpa não pode interamente se atribuir a ele, há de considerar que desenvolveu-se uma cultura de prestígio da marginalidade que moralmente oposta ao que estabelece o estado, o próprio Estado deu meios para essa cultura se desenvolver, o Estado agindo exemplo ao dono de um cão raivoso, um dono que sai de casa e deixa o portão aberto: ele não pode simplesmente culpar e responsabilizar o cão de morder o carteiro.

Abaixo estão alguns comentários* feitos por leitores da matéria Moradores denunciam possíveis abusos de policiais no Alemão:

  • "Só quem tem raiva de polícia e bandido , e bandido é bala pq estamos cansados de pagar para eles passarem uns tempos comandando o tráfico da cadeia e comendo as nossas custas."
  • "só rindo mesmo!!! essa gente acha que o Rio de Janeiro e o País tem obrigação de cuidar deles.
    To cansado de pagar imposto de tudo enquanto essa gente não faz nada a não ser aparecer pra dar problemas e reclamar de alguma coisa...não pagam absolutamente NADA....não fazem nada pelo estado."
  • "Toda esta revolta contra a polícia é saudade do tempo em q corria grana fácil na favela."
  • "(...) Se vc fosse moradora do rio de janeiro teria oa mesma repugnação sobre as favelas como a maioria da população carioca tem. é muito facil defender bandido e favelado quando nao os tem eles morando do lado.Graças a deus não é o meu caso."
  • "Ontem estavam reclamando que estavam sem água, hj roubam as torneiras e deixam a água jorrando e sendo desperdiçada!!!
    Agora fala aí: pagam IPTU? Água?Luz? Taxa de iluminação Pública? E ainda acham que tem direito de reclamar alguma coisa!"
  •  "O familiar é conivente, tem bandido em todo lugar da comunidade,se não é traficante é olheiro,ou é avião, ou é vigia, ou é embalador de droga...cada familia da favela tem sua participação,ou direta ou indiretamente"
  • "sim , concordo, é muito facil reclamar de prefeitura e governo...o exemplo vem de casa, se seu filho se tornou bandido a culpa é sua...SÓ , SUA"
  • "já que a comunidade de favelas está presente, então vou dar um conselho...EDUQUEM SEUS FILHOS DIREITO,EDUCAÇÃO VEM DE CASA, EXEMPLOS DE PAI E MAE...PARA ELES NÃO SE TORNAREM BANDIDOS TAMBEM.muito facil e comodo culpar o governo pela educação que voce deu ao seu filho."
  • "Se não é bandido, tem membro da familia que é bandido, é conivente.....absurdo dizer que policiais estavam pegando trocados da casa de favelado...pelamordedeus...deixa de mentira,favela cheia de bandido atirando de fuzil e aparece essa senhora falando de tapinha na cara.(((faça-me o favor!!!!)"
*Os comentários que foram extraídos são de responsabilidade de seus autores.
 

26 novembro 2010

Discurso Intelectual

Elite intelectual (Líderes Universitários) é interessante: Eles são solidários ao RJ, acham absurda a violência, e sentem empatia pelo sofrimentos daqueles mais atingido pela violência, no entanto, se um destes pardos favelados tivessem a oportunidade de dizerem o que eles vivem, sua realidade, não sem sarcasmo afirmaria, o intelectual, que viver não é mesmo fácil, e afirmaria quase como quem diz: "Dificuldade todo mundo tem, meu amigo, a sua não é maior que a de ninguém!".

25 novembro 2010

Sociedade

É comum a afirmação de que a classe média e alta financiam o tráfico por serem consumidoras das drogas, o que não deixa de ser verdade, mas é uma verdade não pode ser tratada como principal. Tratar um consumidor de um produto como responsável por seus males dá margens a absurdos do tipo: - As pessoas sofrem de câncer por causa dos fumantes.
O que acho engraçado é o modo que se estuda história no Brasil, aprende-se que com o pacto colonial o produto mais lucrativo era o tráfico negreiro - venda de escravos - para que abolida a escravidão foi necessário tornar proibido e combatido o tráfico de escravos, não apenas foi necessário a consciência de senhores de escravos (necessário dizer que escravidão ainda é uma realidade aqui mesmo no Brasil). A questão é que fala-se de "tráfico" quando o termo aplicável seria "comércio". Existem: o consumidor, o comerciante, o atravessador, o produtor, entre outros, o que importa é combater o fator mais original ao problema, o que não parece ser nem o consumidor ou o comercializador (não podendo ainda assim isentar de responsabilidade).
Drogas e as armas deveriam que ser interceptadas, muito antes de chegar ao seu destino. O interessante das drogas é entender que seus consumidores as têm como um objeto ou fonte de obtenção de prazer, isso é bem menos complicado de entender que o motivo que o crime seja tão viável como opção de vida: Para muitos é  respeito, autoridade e poder atributos que não prontos a serem obtidos por aparentar humanidade. Ser pobre, negro, favelado é muitas vezes engolir a arrogância que obtida pelo desprezo, preconceito, desconfiança de quem goza de melhores condições. Uma sociedade que tem governantes corruptos, quando estão em lugar de lutar pelo bem público, ensinam seus cidadão também podem ser indiferentes aos direitos e deveres alheios. Ter uma arma na mão, por meio dela ter poder que sendo honesto passaria por mais váriadas humilhações sem ao ponto de obtê-la, ter dinheiro para comprar as roupas de marca, tudo parece estranho, mas justificável a quem segura a arma matando que outros chamariam inocentes. Existem pessoas que não são sócias da sociedade, por isso mesmo nenhuma necessidade de fazê-la crescer como tal, algumas são consideradas sócias quando não deveriam. Mas a verdade: a verdade está muito longe de ser alcançada! São tantas peças na máquina, que mais fácil apontar apenas algumas como fatores ao funcionamento irregular.

23 novembro 2010

Rio dos meus sonhos

Ontem sonhei com um Rio de Janeiro estranho: o Cristo era Rendido e não mais Redentor; na estação do Metrô em Botafogo 4 pessoas, dentre elas uma criança, haviam ficaram gravemente feridas ao serem pisoteadas por outros passageiros que disputavam um lugar para sentar; maconheiros sofriam arrastão pelos traficantes de quem estavam prestes a comprar os produtos; a concorrência do setor de pedir dinheiro nas ruas chegou a tal ponto que tem modificado a estrutura comercial urbana, livrarias estão fechando e, em seu lugar, um novo tipo de comércio especializado na venda de Guaravita, salgados, biscoitos, cigarros e cachaça está em acensão para atender ao mercado consumidor que  representada pelos pedintes; foi promulgada uma lei que estabelece a obrigatoriedade nas calçadas de caminhar, quando acompanhando outras pessoas, sempre de modo que impedindo as outras que não pertencentes ao grupo consiga passar.
O mais estranho era notar que eu não era assaltado e ninguém me pediu dinheiro... só nos meus sonhos mesmo para descobrir que para ser livre basta andar pelado.

Marcas de uma ferida

A frase de Lemiski 'Um homem com uma dor é muito mais elegante' se tornou um dia fato para Carlos, não da mesma dor que Itamar Assumpção sentia fisícamente e sim aquela que apenas rasga com os comprometimentos amorosos... sim... Carlos uma dia sentiu-se mortificado pelo sentimento amoroso e, como se não bastando amor ter sua parte de dor em si próprio, ainda viu-se completamente rejeitado.
Para um homem não é coisa qualquer dizer que um dia se viu a mercê de amar alguém, Carlos se perguntado dirá que nunca encontrou alguém a quem deu este sentimento, e não mente ele despropositalmente. De certa forma, ele aprendeu que um homem quando ama se torna afeminado, indigno de ser desejado como homem, quando confesso em anseio por amar alguém. Na juventude dele há uma certa ironia, logo ele que tão terno, dedicado, destes que poderia-se chamar um gentleman, um tipo que as mulheres dizem não existir, talvez não existindo por se tornar invisível a elas - pensa Carlos que hoje ri de como era tolo, mas ri com um sentimento de tristeza por se tornar tão diferente.
"Nada mais cafageste que um homem com o coração ferido e depois cicatrizado" - é assim que crê, e com essa crença ao invés de um tipo certinho se tornou um tipo meio canalha, daqueles que coleciona naturalidade e nacionalidades das diversas mulheres que já possuiu, tipo que a fama de não ser fisgável não compromete aos seus prazeres. Ele sabe que deve o que se tornou a pelo menos uma mulher, lembra dela raramente mas não porque considera que tem por ela amor e sim porque foi a últma vez que tentou amar... para ele é tentar amar um sinônimo de perder sua possibilidade.
Que ele tenha ficado ficado com uma cicatriz, do tipo que guarda dor lembrando da ferida que foi inflingida, é para ele um presente (no duplo aspecto da palavra), considera que fez dele mais respeitável e seguro. Vez ou outra Carlos, em seus pequenos momentos a sós, sente um incomôdo de pensar que talvez houvesse um outro caminho, e nesse pensamento ele se dá conta que ainda acredita ter alguma beleza em amar alguém... nestes momentos ele diz a si mesmo "- Não vale a pena acreditar nisso!".
O que se pode dizer é que todo charme e carisma de Carlos é uma mistura da dor de um amor rejeitado e do medo da solidão, ele forjou com estes itens sua imponente armadura mas não a de um cavalheiro. Ninguém pode dizer que Carlos não é feliz por viver sempre evitando chegar ao ponto de amar (e quanto a ser amado, é estranhamente frequente as declarações que recebe de amor!), ele tem a certeza que não é infeliz assim e isso é o bastante. Ele encontrou um modo de não ser infeliz, enquanto pessoas buscam sem norte a felicidade.

10 setembro 2010

Sem tristeza

Por vezes Djalma lembra da sua juventude, tempo de coisas simples e sem preocupações que um adulto lida, não precisava ser inteiramente responsável nem por si e nem fazia ideia que, talvez, pelos outros com quem vivia. Djalma brincava em uma rua que ainda nem asfaltada, cada época do ano tinha uma brincadeira da temporada: Pipa, bola de gude e peão, subia nas árvores para pegar frutas frescas: goiaba, amora e manga, fazia por vezes pequenas tarefas para ter dinheiro, e isso o enchia de felicidade. Hoje, asfaltada a rua, não se brinca mais de bola de gude ou peão, apenas pipa. As árvores foram a maioria cortadas, sobrando a opção das frutas sem gosto que vendidas nos mercados. Trabalhar passou a ser uma obrigação.
Em sua infãncia era cada dia uma aventura, em alguns dias era tamanha que caia na cama exausto, mas cada dia era uma diferente oportunidade, um novo conhecer, o futuro se apresentava esperançoso pelo sentimento que aquilo não poderia ser apagado, que em seu futuro trabalharia com algo que gostava, com pessoas que causasse admiração e respeito. Hoje mal consegue sentir a felicidade, e estranhamente não possue tristeza, parece viver uma frieza distante de alguém que foi um dia amável, mesmo ingênuo. Aquele garoto que tantas vezes se apaixonou bobamente, aquele tipo de paixão infantil que pode inclusive ocorrer na adolescência, nem consegue acreditar que mais de uma vez pensou estar apaixonado, acha que traiu toda sua vida por não conseguir mais ser como era, e mesmo assim prefere ser como é hoje.
Djalma lembra das coisas, coisas que sentiu, que disse, que fez, que simplesmente pensou, lembra que o mundo que via não era igual ao que agora vê, tal como sua imagem no espelho mudou. Vivia em um mundo que privilegiava sua felicidade, mesmo que algumas vezes algo de triste ocorrendo, e agora vê-se tomado pela indignação, sente que foi enganado por toda uma vida. Não sente que o metrô que todos dias pega é um sinal divino de sua felicidade, nem que seu salário miserável sirva para um futuro digno e sim a um presente desgraçado. Teve Djalma não escolheu entre trabalhar e estudar, trabalhar sempre foi uma obrigação e o fato de querer estudar medicina o colocava sempre em confronto com uma necessidade de dedicar-se apenas aos estudos. Ao seu pai, que chegou em São Paulo com 17 anos, considerava que um homem de 20 anos já havia passado do tempo de ser sustentado pelos pais, que Djalma tivesse o desejo de estudar era irrelevante para alguém mal havia concluído o ensino primário. Djalma, agora com 26, sente que toda felicidade que sonhava um dia alcançar é uma distante lembrança, destas bobas que apenas uma criança pode ter, foi o que concluiu depois de passar em 10º lugar em medicina para uma Universidade Federal apenas para descobrir não para ele possível deixar de trabalhar e mesmo trabalhando não tinha condições de sustentar os estudos, mesmo a faculdade gratuita ficava cara a despesa do dia a dia, sem dinheiro para livros não tinha disposição de tempo para estudar na biblioteca, monitorias e pesquisas que podiam benificia-lo com uma bolsa eram perdidas para outros estudantes que tinham a bolsa como um vale-birita. Pensa que nem tudo está perdido, apenas seu sonho, que pode sim fazer uma faculdade, mas não a de medicina, pode talvez tornar menos miserável o seu emprego cursando, a nunca antes pensada, faculdade de contabilidade.
Djalma não planeja mais o futuro, até acredita que pode-se criar oportunidades ao futuro, mas que está pouco em seu poder desenhá-lo, sente que tudo que hoje é não passa de um desenho que aconteceu de derramado sob ele café, todo seu passado ficou desbotado... por vezes alguém o cumprimenta chamando-o de doutor, ele cumprimenta de volta com um sorriso de quem consegue rir da própria incapacidade de poder sentir tristeza, o mesmo sorriso que o tornou mais atraente pelo ar de mistério, em dois anos envelheceu aparentemente um 6 ou 7, talvez por causa da bebida e/ou cigarro que ajudam-o como elo de vida, talvez porque a energia de seus ardentes sonhos de juventude o conferiam ar de moço e estavam agora perdido, não mais importa para Djalma. Djalma vive o que vive sem parecer sofrer aos seus mais intímos familiares e amigos, ele mesmo se pergunta porque não se sente sofrendo, sabendo que por muitas coisas poderia ser infeliz e mesmo assim não o é, não sabe nem mesmo responder a própria pergunta sobre si para si e, por isso mesmo, não sente no direito de decidir muita coisa sobre si mesmo.

08 setembro 2010

A história de uma vida

A vida é uma história...

A afirmação pode parecer ingênua, ou mesmo redundante, no instante imediato que recebe a afirmação, mas não é se levando em conta que nem tudo permanece registrado ou lembrado.
Que temos todos nossa própria história, isto é cada vez mais falso. Alguns anos li Castañeda e achei muito interessante a atitude de apagar a história pessoal, hoje considero como banalidade apagar a história pessoal, pois os laços de uma pessoa com suas experiências é irrelevante ao homem social, consigo até imaginar o exemplo de alguém que nascido e criado em um lixão o quase completo desconhecimento com quais seus próximos odeia-o ou ama-o. A vida não é um simples resultado de elementos, mas os elementos permitem compor resultados, e se tratando de vida os resultados são sempre imprevisíveis porque, ao contrário que se possa dizer, o passado sempre volta.
Terminei de ler mais um livro de Marguerite Duras Olhos Azus, Cabelos Pretos, ao escrever esta linha percebo que já dizia do livro desde o início de minha postagem, apenas não havia dado-me conta disso. Pretendia dizer o quanto me surpreendi em saber que a autora havia morado próxima a Saigon e que sua mãe era professora primária, tal como a personagem de seu livro O Amante. Já era de meu conhecimento que Marguerite Duras seria uma autora que não simplesmente inventa uma obra com a impessoalidade, ler Marguerite Duras é ler Marguerite Duras, acontecimentos de sua vida são traduzidas em palavras nos seus livros, é um dos poucos exemplos que conheço de alguém conseguir tranformar algo rigorosamente pessoal em público¹. Raramente um vida de interesse público, o homem moderno parece se preocupar mais com "o que fulano tem" que o "de onde ele vem", substituir simplesmente a 1ª pela 2ª não chega a resolver qualquer coisa e sim trato aqui de observar como a impessoalidade é intronizada em nossa pessoalidade, pensamos geralmente o outro como impessoal e por isso sem história senão aquela que costumamos ler e principalmente gostamos de ler.
Tem autores que escrevem aquilo que leitores querem ler, fazem sucesso por não arriscar fazer o leitor expandir sua capacidade de criar significações da realidade, em detrimento atraí para uma representação cristalizada. Talvez a guerra entre humanos e robôs, que de Isaac Asimov foi amplamente adaptada por mais diversos autores, não venha a acontecer. A impressão é que os robôs já estão entre nós, importa muito seu custo X benefício e pouco importa a mão de obra que a produziu, desde que ela enquanto ferramenta dê a produtividade esperada. Dizem por aí que algumas pessoas tem defeito na fabricação, instalação de metilfenidato ou haloperidol ou fluoxetine periodica é recomendada com diversas indicações seu de uso estabelecerem funções normalizadas.
 Fica como reflexão a introdução do filme Trainspotting², dizendo: "Escolha viver. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha lavadoras de roupa, carros, CD players e abridores de latas elétricos. Escolha boa saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha uma hipoteca a juros fixos. Escolha sua primeira casa. Escolha seus amigos. Escolha roupas esporte e malas combinando. Escolha um terno numa variedade de tecidos. Escolha fazer consertos em casa e pensar na vida domingo de manhã. Escolha sentar-se no sofá e ficar vendo game shows chatos na TV enfiando porcaria na sua boca. Escolha apodrecer no final, beber num lar que envergonha os filhos egoístas que pôs no mundo para substituí-lo. Escolha o seu futuro. Escolha viver.".

1 - Nas palavras de Marguerite Duras "Não existe nada mais público que aquilo que é rigorosamente pessoal."
2 - Vale a pena fazer consideração aqui que o filme é adaptação de um livro homônimo.

23 agosto 2010

Violência e suas vítimas

Sábado, dia 21 de agosto, era um dia normal na cidade do Rio de Janeiro, mas a violência do confronto entre policiais e tráfico atingiu São Conrado. O bairro não está alheio a violência, seus moradores conseguem ouvir o som dos tiros provenientes de sua margem, favelas que próximas, no entanto raramente é o próprio bairro ser atingido tão diretamente por esta violência. Verdade é que esta violência, que acometeu São Conrado, sempre esteve presente, o que não se imaginava era que esta violência fosse levada a público.
É comum o confronte entre o tráfico e polícia, mas quase sempre este confronto é restrito aos morros. Não há grito público de pavor da maioria dos confrotos acometidos, tido que o território onde acontecem são da parte marginal da cidade e não propriamente a cidade, mesmo que nela se encontre alguns de seus cidadãos. Um morador de favela é cidadão, mas cidadão enquanto ativo na cidade, quando trabalha dentro da cidade, quando retorna ao seu lar é obrigado a tentar repousar mesmo que aos sons de tiros e pessoas gritando "Vaiii morrer!", ao voltar para cidade nada ela se abisma daquilo que ele passou, nada ele também tem a contar a respeito disso, deve apenas manter-se fiel a sustentar como outros cidadãos que não tem a sua experiência de intimidade  com o ensurdecedor som projetado pelo confrontos.
A cidade viveu um dia de morador de morro, mas não consegue reconhecer isso. Não se trata de acostumar-se a violência e sim de ter a consciência de como não é fácil aos  moradores de áreas atingidas frequentemente pelos confrontos, e principalmente de reconhecer como é absurdo estas pessoas serem obrigadas a viver isso cotidianamente.
A dificuldade dos cidadãos que vivem plenamente na cidade reconhecer o absurdo da violência é quase que com naturalidade com que se diz "desde que não seja comigo, por mim está tudo bem!", mas obviamente uma pessoa sensata com sua própria imagem não diz estas palavras, e talvez aí esteja a dificuldade de sermos sensíveis aos acontecimentos, por geralmente apenas ignorar se não nos atinge diretamente. Pense em uma pessoa que ao dizer do homossexualismo diz "Nada contra o homossexualismo, apenas não é minha opção!" e em outro momento ao ver dois  homens se beijando no metrô exclama "Puta que pariu!"... a diferença entre os dois momentos é a experiência vivida, em um se diz o que melhor aceito sobre um aspecto da realidade, em outro se reage dizendo daquele mesmo aspecto.

20 agosto 2010

Eleição

Ano eleitoral... o triste de toda eleição são os candidatos sempre muito sorridentes e intencionados em ajudar seus eleitores. Durante as eleições a falta de emprego, de saúde, de educação, de moradia, de segurança, etc, são problemas que necessitam empenho dos governantes, depois de eleitos parece o empenho desnecessário, se um homem não tem emprego é porque ele é vagabundo e não mais um problema político como na época da eleição. Depois de eleitos parecem nossos governantes muito cansados, nada parecem ter a ouvir, parecem saber muito bem os problemas... ao contrário do povo que dada sua ignorância exige demais sem saber quais os verdadeiros problemas... a impressão é que por trás de toda aparente atenção, existente durante as eleições, se escondem apenas pensamentos aleatórios que nada tem de relevante ao que se finge escutar, ou se realmente escutando dá lugar ao mais completo esquecimento.
Dize-se que brasileiros tem memória curta, se diz isso a respeito dos eleitores mas bem poderia servir também aos candidatos.

30 junho 2010

Enfim...

Na ausência ânimo para escrever alguma coisa, por conta de um enorme stress com problemas da faculdade, posto aqui uma letra de música. Não é apenas "Como Nossos Pais" que Belchior compôs, letras sempre de algo da experiência e sem teorias, muito mais que apenas linguagem.

À Palo Seco


Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
Mas ando mesmo descontente.
Desesperadamente eu grito em português:
2x (bis)
- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês.
(2x)

14 junho 2010

Sonhos...

Sonhos são perigosos, sonhar é quase sempre buscar alguma coisa que deixará alguém muito próximo de você descontente, e é claro que os sonhos que me refiro aqui são o que se pode chamar de ambição. Desde a escolhas profissionais, amorosas, ficanceiras, políticas, físicas, etc. É sempre frustrante fazer escolhas e passar pela solidão de parecer que ninguém mais é favorável a esta escolha, tal como é angustiante viver se apenas atuando pelas escolhas dos outros: por causa da família estudar medicina ou invés de tocar baixo; de estar namorando uma menina magrela pela aceitação social, mesmo gostando de mulheres que tenha mais corpo; de ter que sorrir como se algumas vezes não sentindo tristeza; e tantas outras coisas...
Viver é um pouco isso, o tempo todo alguém nos dizendo o que seria bom, e não apenas bom para ela mas também para você. Chega um momento que é de decisão, não é que você pare de dar atenção ao que os outros dizem, é muito mais um decisão de fazer algo com aquele sonho que não para de gritar esperando que ao menos tente fazê-lo realidade, e talvez aí esteja o maior problema... que um sonho antigo nunca é antigo se você nunca o buscou, e no caso de tornar o seu sonho realidade tem o preço da solidão, afinal todos aqueles que o desestimulava em tentá-lo estarão calados.
Não dá para permanecer sempre em segurança, no previsível, a vida envolve riscos e ter um objetivo envolve o risco de falhar, ter a compreensão que uma falha não é o fim faz muita diferença. Aprendemos muito com erros, mas muito pouco com erros em coisas que não queríamos ter a experiência, e talvez por isso que erramos tanto com algumas coisas... talvez por estarmos tentando o que não desejava de fato.

Escrevendo sobre isso pensava também sobre um filme escrito e dirigido pelo Ethan Hawke, que baseado em um livro dele, o filme foi traduzido aqui no Brasil como "Um Amor Jovem" (Originalmente: The Hottest State), uma das personagens dado momento diz: "Você não acha estranho que, quando somos crianças, todos falam para irmos atrás de nossos sonhos, mas, quando crescemos, ficam ofendidos só por tentarmos?", a pergunta em si é interessante para causar uma sensação incômoda de realidade (já que não é exatamente ela que buscamos no cinema), mas nada comparado a assistir a todo o filme experienciar nos personagens o que parecia que as palavras poderiam dizer.

25 abril 2010

Par Impar



Sinopse: Em meio a pés que vão e vem, cores e cordas de violino, o sapateiro de um pequeno vilarejo procura o par perfeito, em uma fábula de amor e sapatos.

De Esmir Filho. Com: Adriana Seiffert, Alvise Camozzi, Imara Reis, José Rubens Chachá, Sarah Oliveira

18 abril 2010

O monstro indescrítivel

Apaga da memória que eu te quis mulher
pois desejo é chama, mas também vira pó.
Homem não pode uma só mulher querer,
do contrário receberá não amor, mas dó.

Amar é felicidade, mas também contradição,
porque quem busca amor encontra tristeza,
e se você não busca é alguém sem coração...
Mas numa mulher se busca amor ou beleza?

Talvez nem um e nem outro,
possível que as duas coisas,
e mais certo que ninguém saiba.

Falar amor é falar de monstro,
não tem palavras precisas
alguns o imagina careca e outros com barba.

Passado, presente, futuro, etc...

Olhou para trás e viu seu passado, sorriu ironicamente de tanto espanto com suas decisões precipitadas que tomou em alguns momentos, um sorriso de quem não acha possível ser totalmente adulto e isento de alguma infantilidade, um sorriso de quem acredita que daqui a dez anos, cinco anos, ou mesmo em alguns meses verá alguma estupidez nos momentos seguintes deste que presente, ou mesmo de algum momento passado que sua experiência atual não o faz acreditar ter sido estúpida. A experiência amorosa é um exemplo onde é comum o sentimento de engano, seja pelo fato de ter acreditado amar quem não era verdadeiramente amor ou ter deixado passar quem poderia ser um verdadeiro amor. O tempo do acerto é quase sempre do tempo presente ou adiante, como se o passado fosse um aglomerado de pistas a serem usadas como precauções.

Talvez não exista muito que fazer para não errar, de evitar em um momento futuro olhar para trás e considerar “Meu Deus! Como eu era ingênuo em acreditar nisso!”, mas pelo menos é possível pensar que refletir sobre isso nada mais é que uma mera distração.

14 janeiro 2010

Mario Quintana

É muito interessante o número de pessoas que admiram as belas palavras de Mário Quintana, admiradores de Mário Quintana é muito certo que superam em número aos de leitores e admiradores da obra de Mario Quintana. A diferença entre os dois começa pelo nome, o Quintana que nascido em Alegrete raramente falava de amor, o que tem muitos admiradores dá conselhos como fosse um personagem de novela da Globo no último capítulo.
Mario Quintana tem livros publicados, nem é caro... inclusive se procurar, na Estante Virtual por exemplo, um livro pode custar coisa de R$3,00, Antologia Poética pode ser encontrado por R$8,00... já o Mário Quintana que está na internet é de graça, e é uma grande quimera de diferentes autores.
Maioria dos leitores de Mário Quintana talvez ficariam decepcionados ao ler Mario Quintana, e realmente nenhuma obrigação há de gostar de Mario Quintana, para muita gente faz mais sentido as palavras de Mário Quintana. Mas seria interessante Mário Quintana deixar de existir (o que é duvidável de acontecer) e só as palavras bastarem com seus verdadeiros autores, autores que tendo suas palavras conhecidas como de autoria de Mário Quintana são até mais negligenciados que o verdadeiro Mario Quintana.

A quem tiver curiosidade de saber um pouco mais sobre as confusões de autoria, no orkut eu creio ainda existir uma comunidade chamada O Verdadeiro Mario Quintana.