23 novembro 2010

Marcas de uma ferida

A frase de Lemiski 'Um homem com uma dor é muito mais elegante' se tornou um dia fato para Carlos, não da mesma dor que Itamar Assumpção sentia fisícamente e sim aquela que apenas rasga com os comprometimentos amorosos... sim... Carlos uma dia sentiu-se mortificado pelo sentimento amoroso e, como se não bastando amor ter sua parte de dor em si próprio, ainda viu-se completamente rejeitado.
Para um homem não é coisa qualquer dizer que um dia se viu a mercê de amar alguém, Carlos se perguntado dirá que nunca encontrou alguém a quem deu este sentimento, e não mente ele despropositalmente. De certa forma, ele aprendeu que um homem quando ama se torna afeminado, indigno de ser desejado como homem, quando confesso em anseio por amar alguém. Na juventude dele há uma certa ironia, logo ele que tão terno, dedicado, destes que poderia-se chamar um gentleman, um tipo que as mulheres dizem não existir, talvez não existindo por se tornar invisível a elas - pensa Carlos que hoje ri de como era tolo, mas ri com um sentimento de tristeza por se tornar tão diferente.
"Nada mais cafageste que um homem com o coração ferido e depois cicatrizado" - é assim que crê, e com essa crença ao invés de um tipo certinho se tornou um tipo meio canalha, daqueles que coleciona naturalidade e nacionalidades das diversas mulheres que já possuiu, tipo que a fama de não ser fisgável não compromete aos seus prazeres. Ele sabe que deve o que se tornou a pelo menos uma mulher, lembra dela raramente mas não porque considera que tem por ela amor e sim porque foi a últma vez que tentou amar... para ele é tentar amar um sinônimo de perder sua possibilidade.
Que ele tenha ficado ficado com uma cicatriz, do tipo que guarda dor lembrando da ferida que foi inflingida, é para ele um presente (no duplo aspecto da palavra), considera que fez dele mais respeitável e seguro. Vez ou outra Carlos, em seus pequenos momentos a sós, sente um incomôdo de pensar que talvez houvesse um outro caminho, e nesse pensamento ele se dá conta que ainda acredita ter alguma beleza em amar alguém... nestes momentos ele diz a si mesmo "- Não vale a pena acreditar nisso!".
O que se pode dizer é que todo charme e carisma de Carlos é uma mistura da dor de um amor rejeitado e do medo da solidão, ele forjou com estes itens sua imponente armadura mas não a de um cavalheiro. Ninguém pode dizer que Carlos não é feliz por viver sempre evitando chegar ao ponto de amar (e quanto a ser amado, é estranhamente frequente as declarações que recebe de amor!), ele tem a certeza que não é infeliz assim e isso é o bastante. Ele encontrou um modo de não ser infeliz, enquanto pessoas buscam sem norte a felicidade.

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