23 agosto 2010

Violência e suas vítimas

Sábado, dia 21 de agosto, era um dia normal na cidade do Rio de Janeiro, mas a violência do confronto entre policiais e tráfico atingiu São Conrado. O bairro não está alheio a violência, seus moradores conseguem ouvir o som dos tiros provenientes de sua margem, favelas que próximas, no entanto raramente é o próprio bairro ser atingido tão diretamente por esta violência. Verdade é que esta violência, que acometeu São Conrado, sempre esteve presente, o que não se imaginava era que esta violência fosse levada a público.
É comum o confronte entre o tráfico e polícia, mas quase sempre este confronto é restrito aos morros. Não há grito público de pavor da maioria dos confrotos acometidos, tido que o território onde acontecem são da parte marginal da cidade e não propriamente a cidade, mesmo que nela se encontre alguns de seus cidadãos. Um morador de favela é cidadão, mas cidadão enquanto ativo na cidade, quando trabalha dentro da cidade, quando retorna ao seu lar é obrigado a tentar repousar mesmo que aos sons de tiros e pessoas gritando "Vaiii morrer!", ao voltar para cidade nada ela se abisma daquilo que ele passou, nada ele também tem a contar a respeito disso, deve apenas manter-se fiel a sustentar como outros cidadãos que não tem a sua experiência de intimidade  com o ensurdecedor som projetado pelo confrontos.
A cidade viveu um dia de morador de morro, mas não consegue reconhecer isso. Não se trata de acostumar-se a violência e sim de ter a consciência de como não é fácil aos  moradores de áreas atingidas frequentemente pelos confrontos, e principalmente de reconhecer como é absurdo estas pessoas serem obrigadas a viver isso cotidianamente.
A dificuldade dos cidadãos que vivem plenamente na cidade reconhecer o absurdo da violência é quase que com naturalidade com que se diz "desde que não seja comigo, por mim está tudo bem!", mas obviamente uma pessoa sensata com sua própria imagem não diz estas palavras, e talvez aí esteja a dificuldade de sermos sensíveis aos acontecimentos, por geralmente apenas ignorar se não nos atinge diretamente. Pense em uma pessoa que ao dizer do homossexualismo diz "Nada contra o homossexualismo, apenas não é minha opção!" e em outro momento ao ver dois  homens se beijando no metrô exclama "Puta que pariu!"... a diferença entre os dois momentos é a experiência vivida, em um se diz o que melhor aceito sobre um aspecto da realidade, em outro se reage dizendo daquele mesmo aspecto.

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