30 dezembro 2010

Nem tão contra ao bullying...

Falar de bullying é a moda deste momento, uma coisa que sempre existiu e continuará acontecendo mas que agora nomeada por um nome técnico, em sua descrição¹ "Bullying é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma."
Um grande problema com esse modismo é a sua imprecisão, pois por violência psicológica é fácil demais enquadrar toda e qualquer tipo de crítica que outrem atribui a um indivíduo. É no mínimo paradoxal, pois a chance de existir alguém que não tenha como origem violência psicológica é nula, a vida psíquica humana nasce de violência psicológica, viver como ser humano é lidar com o desprazer de nunca estar completo ou tendo alcançado uma finalidade. Por "estar completo" e "alcançado uma finalidade" quero dizer que não somos livres, sempre necessitamos como seres sociais de lidar com insatisfações próprias e de outros, coisas pequenas como ouvir um "não" é uma forma de violência que retira do ego a possibilidade de se limitar a ele próprio, de ter de dar conta de ter outro objeto.
Fazer com que agressões sejam desde cedo desencorajadas tem sua coerência, já foi tempo que agredir alguém era fazer justiça com as próprias mão e, mais ainda, vivemos em uma época que não é o castigo sobre o corpo que legitima poder, poder é legitimado com dinheiro, beleza e sucesso. Quando uma criança chama a gorda de Free Willy, ou mesmo quando chama de um simples "orelha de abano", é uma espécie de "bem-vindo ao mundo real", porque geralmente não é mamãe que diz "Você está gorda como uma baleia.", tal como o mundo olha para uma pessoa obesa, até a Organização Mundial de Saúde considera obesidade um problema, no entanto parece que existe uma esperança que pessoas decidam deixar de ser obesas por vontade própria ao invés de buscar emagrecer para poder dizer "Pude deixar de ser gorda, difícil agora é você deixar de ser um(a) idiota!"
Devo concordar com parte dos argumentos de Marco Antonio Araujo em Sou a favor do bullying. Criar crianças que aprendam a chorar ao invés de se impor frente as opiniões negativas dos outros é cruel, é querer fazer um bem que frequentemente leva a um mal ainda pior.
No dia que para pessoas adultas não julgarem outras pessoas adultas por: Ser negro demais/ negro de menos/branco demais/ branco de menos, muito religioso/nada religioso, gordo demais/magro demais, ser muito pobre/ ser muito rico, ser muito gay/ ser muito hetero, beber demais/ não beber, ser sincero demais/ ser pouco sincero/ ser mentiroso demais, etc, daí repensarei meus conceitos.
A minha opinião a respeito do bullying é que as escolas são cada vez menos destinadas a promover conhecimento, a tarefa de professores policiar seus alunos é vergolhosa - seja pelo fato do professor ser pessimamente remunerado ou por retirar dos pais o dever de educar adequadamente seus filhos (se a escola não encontra problemas com ele está tudo certo!).

1- Extraído do Wikipédia

Um comentário:

Rafael disse...

Tudo é bullying hoje em dia. Só não sei se a moda vai passar. Feliz ano novo, Ronisson! Um abraço!