- Olha, fico contente que este ano tenha terminado, se eu tiver que passar mais um ano que parecido com o de 2010 é melhor Deus deixar de brincadeira e me mandar pro inferno logo.
- Que isso, cara! Fala assim não que a vida é dura, mas tem sempre seu lado bom!
- Porra! 2010 foi uma merda! Perdi meu emprego e tive conseguir um outro que me paga 3 vezes menos, fui jubilado da faculdade, minha mãe está internada porque endoideceu depois de cuidar da minha avó que sofre de alzheimer e hoje está ligada a uma máquina que a mantém viva, meu pai foi viver com um homem, fui assaltado 3 vezes este ano, broxei 2 vezes, meu carro foi incendiado, perdi o feriadão da semana santa porque tive que operar com emergência uma pancreatite, e aqui estou eu passando o reveillon em casa na internet e com uma perna recuperando de uma fratura. Quando se vive um ano tão desgraçado é difícil dizer que teve seu lado bom.
- Humm... mas isso foi 2010, será diferente em 2011, se anime porque pelo menos você sobreviveu a isso tudo.
- Me animar eu não vou não, mas devo dizer que tenho o contentamento de saber que 2010 acabou, até um pouco de esperança que seja sim melhor as coisas em 2011. E você tem um pouco de razão, eu sobrevivi a tudo, apesar que me senti muitas vezes deprimido e com raiva da vida eu segui em frente, passei a me sentir até mais forte.
- Como eu disse: "a vida é dura, mas tem sempre seu lado bom!", você se fortaleceu...
31 dezembro 2010
30 dezembro 2010
Nem tão contra ao bullying...
Falar de bullying é a moda deste momento, uma coisa que sempre existiu e continuará acontecendo mas que agora nomeada por um nome técnico, em sua descrição¹ "Bullying é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma."
Um grande problema com esse modismo é a sua imprecisão, pois por violência psicológica é fácil demais enquadrar toda e qualquer tipo de crítica que outrem atribui a um indivíduo. É no mínimo paradoxal, pois a chance de existir alguém que não tenha como origem violência psicológica é nula, a vida psíquica humana nasce de violência psicológica, viver como ser humano é lidar com o desprazer de nunca estar completo ou tendo alcançado uma finalidade. Por "estar completo" e "alcançado uma finalidade" quero dizer que não somos livres, sempre necessitamos como seres sociais de lidar com insatisfações próprias e de outros, coisas pequenas como ouvir um "não" é uma forma de violência que retira do ego a possibilidade de se limitar a ele próprio, de ter de dar conta de ter outro objeto.
Fazer com que agressões sejam desde cedo desencorajadas tem sua coerência, já foi tempo que agredir alguém era fazer justiça com as próprias mão e, mais ainda, vivemos em uma época que não é o castigo sobre o corpo que legitima poder, poder é legitimado com dinheiro, beleza e sucesso. Quando uma criança chama a gorda de Free Willy, ou mesmo quando chama de um simples "orelha de abano", é uma espécie de "bem-vindo ao mundo real", porque geralmente não é mamãe que diz "Você está gorda como uma baleia.", tal como o mundo olha para uma pessoa obesa, até a Organização Mundial de Saúde considera obesidade um problema, no entanto parece que existe uma esperança que pessoas decidam deixar de ser obesas por vontade própria ao invés de buscar emagrecer para poder dizer "Pude deixar de ser gorda, difícil agora é você deixar de ser um(a) idiota!"
Devo concordar com parte dos argumentos de Marco Antonio Araujo em Sou a favor do bullying. Criar crianças que aprendam a chorar ao invés de se impor frente as opiniões negativas dos outros é cruel, é querer fazer um bem que frequentemente leva a um mal ainda pior.
No dia que para pessoas adultas não julgarem outras pessoas adultas por: Ser negro demais/ negro de menos/branco demais/ branco de menos, muito religioso/nada religioso, gordo demais/magro demais, ser muito pobre/ ser muito rico, ser muito gay/ ser muito hetero, beber demais/ não beber, ser sincero demais/ ser pouco sincero/ ser mentiroso demais, etc, daí repensarei meus conceitos.
A minha opinião a respeito do bullying é que as escolas são cada vez menos destinadas a promover conhecimento, a tarefa de professores policiar seus alunos é vergolhosa - seja pelo fato do professor ser pessimamente remunerado ou por retirar dos pais o dever de educar adequadamente seus filhos (se a escola não encontra problemas com ele está tudo certo!).
1- Extraído do Wikipédia
Um grande problema com esse modismo é a sua imprecisão, pois por violência psicológica é fácil demais enquadrar toda e qualquer tipo de crítica que outrem atribui a um indivíduo. É no mínimo paradoxal, pois a chance de existir alguém que não tenha como origem violência psicológica é nula, a vida psíquica humana nasce de violência psicológica, viver como ser humano é lidar com o desprazer de nunca estar completo ou tendo alcançado uma finalidade. Por "estar completo" e "alcançado uma finalidade" quero dizer que não somos livres, sempre necessitamos como seres sociais de lidar com insatisfações próprias e de outros, coisas pequenas como ouvir um "não" é uma forma de violência que retira do ego a possibilidade de se limitar a ele próprio, de ter de dar conta de ter outro objeto.
Fazer com que agressões sejam desde cedo desencorajadas tem sua coerência, já foi tempo que agredir alguém era fazer justiça com as próprias mão e, mais ainda, vivemos em uma época que não é o castigo sobre o corpo que legitima poder, poder é legitimado com dinheiro, beleza e sucesso. Quando uma criança chama a gorda de Free Willy, ou mesmo quando chama de um simples "orelha de abano", é uma espécie de "bem-vindo ao mundo real", porque geralmente não é mamãe que diz "Você está gorda como uma baleia.", tal como o mundo olha para uma pessoa obesa, até a Organização Mundial de Saúde considera obesidade um problema, no entanto parece que existe uma esperança que pessoas decidam deixar de ser obesas por vontade própria ao invés de buscar emagrecer para poder dizer "Pude deixar de ser gorda, difícil agora é você deixar de ser um(a) idiota!"
Devo concordar com parte dos argumentos de Marco Antonio Araujo em Sou a favor do bullying. Criar crianças que aprendam a chorar ao invés de se impor frente as opiniões negativas dos outros é cruel, é querer fazer um bem que frequentemente leva a um mal ainda pior.
No dia que para pessoas adultas não julgarem outras pessoas adultas por: Ser negro demais/ negro de menos/branco demais/ branco de menos, muito religioso/nada religioso, gordo demais/magro demais, ser muito pobre/ ser muito rico, ser muito gay/ ser muito hetero, beber demais/ não beber, ser sincero demais/ ser pouco sincero/ ser mentiroso demais, etc, daí repensarei meus conceitos.
A minha opinião a respeito do bullying é que as escolas são cada vez menos destinadas a promover conhecimento, a tarefa de professores policiar seus alunos é vergolhosa - seja pelo fato do professor ser pessimamente remunerado ou por retirar dos pais o dever de educar adequadamente seus filhos (se a escola não encontra problemas com ele está tudo certo!).
1- Extraído do Wikipédia
17 dezembro 2010
Figuração de uma vida
Saia todos os dias, pegava sempre o mesmo ônibus no mesmo horário, fazia sempre as mesmas coisas, via sempre as mesmas pessoas, sorria sempre do mesmo jeito, andava sempre com mesmos passos, falava sempre com mesmo tom.
Chegava à casa sempre no mesmo horário, fazia sempre a mesma comida, ouvia sempre as mesmas músicas, lia sempre o mesmo autor, dormia sempre no mesmo horário.
Sentia sempre a mesma dor, ia sempre no mesmo médico, recebia sempre a mesma receita, fazia sempre os mesmos exames, recebia sempre os mesmos resultados.
Um dia tudo mudou. Demorou as pessoas perceberem, e para a maioria foi necessário alguém dizer, a mudança: Wagner havia morrido: suicídio. E foi por isso que por meses não pagou as contas, que faltou ao trabalho, que não foi ao médico. Deixou várias cartas de despedida, e todas elas com datas diferentes. Todas reclamando a vida não ser uma coisa boa. Todas dizendo que o mundo deveria ser diferente. Nenhuma das cartas fazia indicação se um dia ele tentou fazer-se diferente ao mundo.
- Pobre Wagner! Demorou meses para mudar... mas mesma a sua nova condição, a de morto, ninguém a notou por vir a procurá-lo, nada mudou com sua morte.
Wagner teria sido o perfeito exemplo, se alguém lembrasse de sua vida, do quanto viver é mais que apenas ensaiar, representar um único papel, em cenas do cotidiano: Viveu como um ator figurante, sem improvisos e sempre representando um personagem nada marcante, morreu da mesma forma.
Chegava à casa sempre no mesmo horário, fazia sempre a mesma comida, ouvia sempre as mesmas músicas, lia sempre o mesmo autor, dormia sempre no mesmo horário.
Sentia sempre a mesma dor, ia sempre no mesmo médico, recebia sempre a mesma receita, fazia sempre os mesmos exames, recebia sempre os mesmos resultados.
Um dia tudo mudou. Demorou as pessoas perceberem, e para a maioria foi necessário alguém dizer, a mudança: Wagner havia morrido: suicídio. E foi por isso que por meses não pagou as contas, que faltou ao trabalho, que não foi ao médico. Deixou várias cartas de despedida, e todas elas com datas diferentes. Todas reclamando a vida não ser uma coisa boa. Todas dizendo que o mundo deveria ser diferente. Nenhuma das cartas fazia indicação se um dia ele tentou fazer-se diferente ao mundo.
- Pobre Wagner! Demorou meses para mudar... mas mesma a sua nova condição, a de morto, ninguém a notou por vir a procurá-lo, nada mudou com sua morte.
Wagner teria sido o perfeito exemplo, se alguém lembrasse de sua vida, do quanto viver é mais que apenas ensaiar, representar um único papel, em cenas do cotidiano: Viveu como um ator figurante, sem improvisos e sempre representando um personagem nada marcante, morreu da mesma forma.
16 dezembro 2010
Amor, solidão, escravidão...
Não sei o que é amor
muitas coisas dizem sobre o ele
mas nada nunca perfeito
nada que seja chegada
algumas vezes apenas partida.
Tentando amor se faz despedida
minha solidão se vai
encontro estanheza, distração
destas dúvidas do que é existir,
que talvez estar só é também aprender
a ter a si por companhia.
Quero brincar, imaginar, rir, sonhar
desejo um universo que desconheço,
mergulho em um labirinto
e me perco, chamando isso de amor.
Por impulso ou desespero me olho
sou tomado por desapontamento
renego o que digo acreditar
pelo medo de metamorfomizar
este que chamo de eu.
O problema de não conseguir voltar
pode vir a ser um dia solução,
sendo sequestrado e cativo
em um labirinto diferente,
deixando de ser escravo de quem sou
involuntariamente, sem culpa e rancor.
muitas coisas dizem sobre o ele
mas nada nunca perfeito
nada que seja chegada
algumas vezes apenas partida.
Tentando amor se faz despedida
minha solidão se vai
encontro estanheza, distração
destas dúvidas do que é existir,
que talvez estar só é também aprender
a ter a si por companhia.
Quero brincar, imaginar, rir, sonhar
desejo um universo que desconheço,
mergulho em um labirinto
e me perco, chamando isso de amor.
Por impulso ou desespero me olho
sou tomado por desapontamento
renego o que digo acreditar
pelo medo de metamorfomizar
este que chamo de eu.
O problema de não conseguir voltar
pode vir a ser um dia solução,
sendo sequestrado e cativo
em um labirinto diferente,
deixando de ser escravo de quem sou
involuntariamente, sem culpa e rancor.
13 dezembro 2010
Pergunte ao tempo*
O tempo passa no tempo certo? Ou só como percebemos depois dele passar? Pergunte ao tempo a quanto tempo ele existe. Pergunte se neste tempo foi alguma vez o tempo certo errado, ou o errado certo. Pergunte se ele conhece alguma coisa do seu passado e espera alguma coisa do seu futuro.
Mas não apenas espere resposta, pois é certo que não se sabe o tempo que o tempo responde
Que escravo do tempo tenhamos passado não significa servir com escravidão a todo tempo, nem mesmo mesmo aquele que no devido tempo espera precisa ficar parado ao ver o tempo passsar. Talvez com o tempo haja tempo para o tempo não venha ser ignorado ou superestimado, como quem repete os mesmo erros com o passar do tempo, ou quem não percebe que os tempos não são outros e o tempo é ele próprio o tempo todo.
"Estas rosas sob a minha janela não fazem referência a rosas anteriores ou a rosas melhores; são pelo que são; existem hoje com Deus; é perfeita a cada momento de sua existência... mas o homem adia e recorda. Não é capaz de ser feliz e forte enquanto não viver com a natureza no presente, acima do tempo."¹*O texto corresponde a reescrita de uma antiga postagem, título "Questionamentos", neste mesmo blog, a primeira postagem realizada. A escrita original é bastante rudimentar, algo que não diria quando o escrevi. Tive por preferência não deletar, mas seria de bastante satisfação o apagar.
1- Autor: Ralph Waldo Emerson
10 dezembro 2010
Crianças
- Mamãe, não quero o iogurte!
- Por que? Você não quer crescer? Ficar grande e forte como seu pai?
- Papai não é forte!
- Talvez porque ele não toma iogurte...
- Tá azedo!
- Iogurte é um pouco azedinho mesmo, mas também é docinho... você gosta de bala Juquinha, que é bem mais azedinha que iogurte.
- Então eu quero balinha! Eêêê!!!
- Por que? Você não quer crescer? Ficar grande e forte como seu pai?
- Papai não é forte!
- Talvez porque ele não toma iogurte...
- Tá azedo!
- Iogurte é um pouco azedinho mesmo, mas também é docinho... você gosta de bala Juquinha, que é bem mais azedinha que iogurte.
- Então eu quero balinha! Eêêê!!!
01 dezembro 2010
Preconceito aos moradores de favela
Pessoas estão quase orgulhosas da ação que foi promovida na chamada "Guerra ao Tráfico" no RJ, e digo "quase" porque não é raro o lamento de que A BANDIDAGEM não foi eliminada, como que voziferando que todo e qualquer crime e violência tem por motivo a existência daqueles pobres.
Para muitos dos que assistem os ocorridos na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão, mais especificamente os que de longe sabem o que é um morador de favela, está acontecendo uma onda de reclamações infundadas dos moradores às ações policiais.
Pessoas não acreditam que um morador de favela possa juntar 31mil reais, para elas ser morador de favela é ser miserável e incapaz de conseguir dinheiro razoável quando de forma honesta. O policial é muito capaz também de pensar assim e por isso mesmo nenhum problema haveria em confiscar, é uma hipótese. Em minha opinião: No meio do que acontecia, deixar dinheiro em casa não era uma opção inteligente. E dois fatos: Traficante não entra em casa de morador da roubar, o Estado dominar o terrirório que dominado pelo tráfico e isso não significa ter perdido seus agentes corruptos.
Saindo da particularidade de um caso, o geral é que o preconceito ao morador de favela continua impune. O morador de favela é associado ao crime das mais diversas formas, seja como prestador de serviço ou como cúmplice.
Existe quem brada que aquela população não tem o direito que reclamar qualquer incovenientes das ações policiais, que aquelas pessoas deveriam sentir-se plenamente gratas por serem libertadas do tráfico. É uma realidade que pessoas conquistaram parte de sua liberdade, pelo menos por enquanto, mas diferente da maioria da população vivem em estado de excessão, quando circulam tem de provar o direito de transitar, quando abordados tem a obrigação de ter a sorte de não estar desempregado. Podem, neste momento, não serem reféns do tráfico, mas ainda não foram acolhidos pelo estado. Não são respeitados, são considerados pelas autoridades criminosos até provarem o contrário.
A população de favela merece dignidade, merece respeito. Trinta anos de negligência do Estado não podem ser ignorados. O Estado não é herói, pela primeira vez cumpriu sua obrigação. As comunidades em questão não estão no Haiti, estão aqui no Brasil, são brasileiros que precisam ter direitos assegurados, ter: educação, trabalho, saúde, lazer. É uma população que sabe o que é viver o medo, acostumou-se com o som de tiros, que aprendeu a não confiar em polícia por apanhar dela e ser tratado como bandido. Uma população vivia uma violência que invisível aos olhos da classe média e alta, a mesma classe média e alta que faz compras no shopping junto ao exportador de armas e/ou drogas.
Enquanto favelados forem tratados como bandidos, não se poderá culpar¹ plenamente os que aceitaram sê-lo. Viver uma vida de insultos é bem diferente do que a maioria das pessoas são capazes de imaginar. Não são do tipo de pessoas que podem simplesmente deitar em um divã contando suas mágoas e sairem com o sentimento que estão encarando os seus desejos e angústias, são ao contrário pessoas que muito marcadas pela limitação de desejar e fantasiar. O "cidadão" da favela não falta na escola porque está agorofóbico, ele falta porque ele sabe que pode levar um tiro.
Abaixo estão alguns comentários* feitos por leitores da matéria Moradores denunciam possíveis abusos de policiais no Alemão:
Para muitos dos que assistem os ocorridos na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão, mais especificamente os que de longe sabem o que é um morador de favela, está acontecendo uma onda de reclamações infundadas dos moradores às ações policiais.
Pessoas não acreditam que um morador de favela possa juntar 31mil reais, para elas ser morador de favela é ser miserável e incapaz de conseguir dinheiro razoável quando de forma honesta. O policial é muito capaz também de pensar assim e por isso mesmo nenhum problema haveria em confiscar, é uma hipótese. Em minha opinião: No meio do que acontecia, deixar dinheiro em casa não era uma opção inteligente. E dois fatos: Traficante não entra em casa de morador da roubar, o Estado dominar o terrirório que dominado pelo tráfico e isso não significa ter perdido seus agentes corruptos.
Saindo da particularidade de um caso, o geral é que o preconceito ao morador de favela continua impune. O morador de favela é associado ao crime das mais diversas formas, seja como prestador de serviço ou como cúmplice.
Existe quem brada que aquela população não tem o direito que reclamar qualquer incovenientes das ações policiais, que aquelas pessoas deveriam sentir-se plenamente gratas por serem libertadas do tráfico. É uma realidade que pessoas conquistaram parte de sua liberdade, pelo menos por enquanto, mas diferente da maioria da população vivem em estado de excessão, quando circulam tem de provar o direito de transitar, quando abordados tem a obrigação de ter a sorte de não estar desempregado. Podem, neste momento, não serem reféns do tráfico, mas ainda não foram acolhidos pelo estado. Não são respeitados, são considerados pelas autoridades criminosos até provarem o contrário.
A população de favela merece dignidade, merece respeito. Trinta anos de negligência do Estado não podem ser ignorados. O Estado não é herói, pela primeira vez cumpriu sua obrigação. As comunidades em questão não estão no Haiti, estão aqui no Brasil, são brasileiros que precisam ter direitos assegurados, ter: educação, trabalho, saúde, lazer. É uma população que sabe o que é viver o medo, acostumou-se com o som de tiros, que aprendeu a não confiar em polícia por apanhar dela e ser tratado como bandido. Uma população vivia uma violência que invisível aos olhos da classe média e alta, a mesma classe média e alta que faz compras no shopping junto ao exportador de armas e/ou drogas.
Enquanto favelados forem tratados como bandidos, não se poderá culpar¹ plenamente os que aceitaram sê-lo. Viver uma vida de insultos é bem diferente do que a maioria das pessoas são capazes de imaginar. Não são do tipo de pessoas que podem simplesmente deitar em um divã contando suas mágoas e sairem com o sentimento que estão encarando os seus desejos e angústias, são ao contrário pessoas que muito marcadas pela limitação de desejar e fantasiar. O "cidadão" da favela não falta na escola porque está agorofóbico, ele falta porque ele sabe que pode levar um tiro.
1- Não implica merecer impunidade, o que se considera aqui é uma questão de culpa e responsabilidade que nem sempre são atribuições do mesmo ser. Neste caso, o indíviduo deve ser responsabilizado de seus atos, mas a culpa não pode interamente se atribuir a ele, há de considerar que desenvolveu-se uma cultura de prestígio da marginalidade que moralmente oposta ao que estabelece o estado, o próprio Estado deu meios para essa cultura se desenvolver, o Estado agindo exemplo ao dono de um cão raivoso, um dono que sai de casa e deixa o portão aberto: ele não pode simplesmente culpar e responsabilizar o cão de morder o carteiro.
Abaixo estão alguns comentários* feitos por leitores da matéria Moradores denunciam possíveis abusos de policiais no Alemão:
- "Só quem tem raiva de polícia e bandido , e bandido é bala pq estamos cansados de pagar para eles passarem uns tempos comandando o tráfico da cadeia e comendo as nossas custas."
- "só rindo mesmo!!! essa gente acha que o Rio de Janeiro e o País tem obrigação de cuidar deles.
To cansado de pagar imposto de tudo enquanto essa gente não faz nada a não ser aparecer pra dar problemas e reclamar de alguma coisa...não pagam absolutamente NADA....não fazem nada pelo estado." - "Toda esta revolta contra a polícia é saudade do tempo em q corria grana fácil na favela."
- "(...) Se vc fosse moradora do rio de janeiro teria oa mesma repugnação sobre as favelas como a maioria da população carioca tem. é muito facil defender bandido e favelado quando nao os tem eles morando do lado.Graças a deus não é o meu caso."
- "Ontem estavam reclamando que estavam sem água, hj roubam as torneiras e deixam a água jorrando e sendo desperdiçada!!!
Agora fala aí: pagam IPTU? Água?Luz? Taxa de iluminação Pública? E ainda acham que tem direito de reclamar alguma coisa!" - "O familiar é conivente, tem bandido em todo lugar da comunidade,se não é traficante é olheiro,ou é avião, ou é vigia, ou é embalador de droga...cada familia da favela tem sua participação,ou direta ou indiretamente"
- "sim , concordo, é muito facil reclamar de prefeitura e governo...o exemplo vem de casa, se seu filho se tornou bandido a culpa é sua...SÓ , SUA"
- "já que a comunidade de favelas está presente, então vou dar um conselho...EDUQUEM SEUS FILHOS DIREITO,EDUCAÇÃO VEM DE CASA, EXEMPLOS DE PAI E MAE...PARA ELES NÃO SE TORNAREM BANDIDOS TAMBEM.muito facil e comodo culpar o governo pela educação que voce deu ao seu filho."
- "Se não é bandido, tem membro da familia que é bandido, é conivente.....absurdo dizer que policiais estavam pegando trocados da casa de favelado...pelamordedeus...deixa de mentira,favela cheia de bandido atirando de fuzil e aparece essa senhora falando de tapinha na cara.(((faça-me o favor!!!!)"
*Os comentários que foram extraídos são de responsabilidade de seus autores.
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