10 agosto 2012

Encontros e Desencontros

Houve uma festa com a temática 7 pecados (Luxúria, Gula, Inveja, Ganância, Ira, Preguiça, Orgulho). Havia comida, bebida, pessoas interessantes... como se espera de uma boa festa. A casa de estilo rústico, espaçosa, favorecia o convite de todos sentirem-se a vontade. As músicas tocavam, bem diversificadas, sons para ninguém sair da festa sem arriscar-se em dançar ao menos um pouco e, aos mais empolgados, a possibilidade exibir performances não estava proibida.

Muitos são os que ele conhece na festa, alguns eram recém chegados dos quais lembrava alguns nomes. Como brincadeira, pela mera ocasião do tema, ele pergunta de vez em quando a uma ou outra pessoa qual pecado representava. Um amigo seu, um quase a todo tempo de festa sentado ao sofá,  respondeu que era a preguiça. Quase todos respondiam, mesmo quando tinham ainda dúvidas do qual melhor representava, quase todos... exceto uma mulher com quem conversou bem espontaneamente, e ainda sem qualquer interesse em seduzir. Quando ele a perguntou seu pecado ali na festa, ela respondeu "- Não sei! Acho que nenhum!"

Era difícil não notar uma mulher como aquela, de cabelos pretos e longos, cerca de 1,75m de altura, magra, com curvas que muitas mulheres desejariam ter em si naquelas proporções tão simétrícas àquele vestido. Ela não o atraiu logo de inicio, mesmo ele tendo nela reconhecido essa beleza bastante desejável por outros homens,  ou mesmo mulheres. Os dois conversavam e a única coisa que ele realmente nela admirou inicialmente foi a inteligência. Não era o tipo de mulher a inquietá-lo, pois, curiosamente, preferia mulheres mais baixas e tão semelhantes umas as outras, tanto de rosto como corpo, que eram fáceis confundi-las  dez como uma mesma mulher (é notável como homens são repetitivos). 

Como num momento de clareza e, sem  ele não soube o que havia a ele acontecido e nem como, tornou-se impaciente em ter a oportunidade de segurar aquele corpo e admirar aquele sorriso junto aos seus lábios. Talvez ela dizê-lo que iria embora da festa tenha causado a lucidez. Olhou para ela com reprovação, deixando explícito não querer naquele momento despedida. Aproximou-se ainda mais dela e, sem praticamente notar sua mão repousando suavemente a cintura dela, pediu a ela ficar um pouco mais. Ela tentou justificar que precisava ir embora, e foi preciso apenas ele pedir  um vez que ela não fosse para que ela aceitasse ficar. Dançavam agora juntos e, em meio a música, ele a olha e aproxima seu rosto ao dela ainda mais, como quem vai roubar um beijo, mas, ao invés disso ele pergunta "- Você já sabe qual o pecado você é?". Para a sua surpresa ela responde, após um calmo e silencioso respirar, com as palavras"- Dada a situação, eu diria gula.".

Não havia outra coisa que pudessem escolher naquele contexto, nenhuma ação seria lógica, só podiam entregar-se ao acontecia. Não saciar aquela fome, todo aquele apetite um pelo outro, que ali se tornou necessário confessar (e talvez por isso não era luxúria ou vaidade), não era coisa a ser feita nem racional ou irracionalmente. Mas contrariando toda a evolução da trama, seus elementos, de toda expectativas, concluiu a história semelhante ao final de um filme francês.

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