Sentiu um estranho perfume. Era
calmo e confortante, ao mesmo tempo em que angustiante diante da incerteza do por
que o sentia. Seus olhos foram capazes de decifrar aquilo que seu coração
perdera o tato. Abateu-se, por um momento, ao perceber que aquele era o perfume
de heliotrópio e cidra. Apercebeu-se sentido ali o perfume de um amor a se
vivenciar perdendo antes mesmo de começá-lo, tal como escreveu Marguerite
Duras¹.
A doença da morte² – Suspeitava a
um tempo que a tivesse.
Já havia amado um dia, um amor
que se tornou um luto até aquele momento. A mulher diante de seus olhos, exalando
aquele odor fustigante, o arrebatou de sua inércia.
A morte é ainda é uma
possibilidade a ele, como é a todos: devemos a natureza uma morte³. Aquele
perfume dispersou a morte nele entranhada, não o sentiu novamente naquela
mulher, mas certamente foi através dela que o despertou para a vida e o
interesse de amar.
Notas:
1 - Escritora nascida na Indochina, hoje Vietnã. residindo na França escreveu diversas obras de teatro, livros, filmes.
2- A doença da morte: aquele que a tem não sabe que é portador dela, da morte. E também no fato de que ele morreria sem vida progressa dentro da qual morrer, sem conhecimento nenhum de morrer em vida nenhuma. - In: O homem sentado no corredor; A doença da morte: Marguerite Duras. Editora Cosacnaify. p.58
3- Referência a Shakespeare, que diz "deves uma morte à natureza" (In: O Nomeável e o Inominável - Maud Mannoni), em expressão semelhante Freud diz: "... cada um de nós deve a natureza uma morte e tem de estar preparado para saudar esta dívida..." (Sigmund Freud - Obras Completas, Vol 12 - Cia das Letras)
2- A doença da morte: aquele que a tem não sabe que é portador dela, da morte. E também no fato de que ele morreria sem vida progressa dentro da qual morrer, sem conhecimento nenhum de morrer em vida nenhuma. - In: O homem sentado no corredor; A doença da morte: Marguerite Duras. Editora Cosacnaify. p.58
3- Referência a Shakespeare, que diz "deves uma morte à natureza" (In: O Nomeável e o Inominável - Maud Mannoni), em expressão semelhante Freud diz: "... cada um de nós deve a natureza uma morte e tem de estar preparado para saudar esta dívida..." (Sigmund Freud - Obras Completas, Vol 12 - Cia das Letras)
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