Em outra parte da cidade, aquela que não produz poetas mas jogadores de futebol, são quase 21hs. Nesta parte da cidade de gente comum, em suas vidas cotidiana em que cumprem tarefas como trabalho, estudos e família (família é uma tarefa que exige trabalho), não há muito espaço a novidades como existe na cidade a beira-mar onde tudo é só cintilância - sejam pessoas e suas jóias e sorrisos ou a boa manutenção do Estado em fazer componentes de cada parte desta cidade a beira-mar brilhar como se sempre fosse lua cheia.
E saindo do metrô que ainda lotado, na linha 2, ao andar 10min para finalmente chegar em sua casa após uma longa jornada de trabalho ele vê e sente o calor de um incêndio em um pequeno comércio próximo a sua casa, tipo de coisa que nem todos os dias se vê porque era como se pudesse observar um pequeno sol enjaulado que lutando para sair em plena noite de Irajá.
Ainda que longa a jornada de seu dia, as dores que seriam justas a um trabalhador exausto desaparecem, é tão curiosa a cena que voltar para o lar não parece necessário.
Se um trabalhador pode se dar ao direito de assistir, como se mais nada importante tivesse em pleno final de noite de uma quarta-feira, então, não seria surpreendente que outros curiosos - que de vã tentativa seria buscar definir suas atividades diárias - não se aglomerassem para também assistir. Assistem o incêndio, alguns do início ao fim! Quando os bombeiros terminam definitivamente seu serviço já são mais de 2hs de quinta-feira e tudo que resta era cinza, variando pouco de cinza para cinza...
Ninguém se dá conta que dono daquele comércio perdeu o que tinha, que naquele momento tudo perdera daquilo que batalhou por anos para conseguir, bem este que perdeu durante os momentos de entreternimento da multidão que curiosamente consegue rir com piadas do churrasco sendo realizado.
Ironicamente a desgraça de uns é o entreternimento de outros, nada mais cotidiano...
Um comentário:
no que a sociedade esta fundamentada? um amigo meu certa vez me perguntou: por que os cães dividem a água mas não dividem a comida?
Deveriamos sentir a dor e a alegria do próximo como se fosse a nossa...
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