17 maio 2012

Moralismo X Saúde


A política de redução de danos é uma direção de tratamento que qualquer profissional de saúde deve conhecer, ainda que por motivos pessoais não concorde. Há outras diversas políticas de tratamento diretrizes que profissionais de saúde não consideram adequados, na saúde mental se tem hoje a ênfase pela atenção psicossocial a direção de trabalho com pessoas que sofrem de transtornos mentais, isso não exclui existir defensores da direção manicomial existirem, mas é certo que a opinião pessoal não poder ser exclusiva e transgressora às políticas públicas.

Em uma matéria sensacionalista, que claramente desconhece ou preferiu ignorar toda a discussão em torno do tratamento em saúde pública aos casos de álcool e outras drogas, o jornalista Francisco Edson Alves, do jornal O Dia, foi bastante infeliz em seu dever ético como jornalista ao escrever a matéria  Saúde Defende a Maconha.

O código de ética profissional, conforme pode ser acessado pela FENAJ, atribui para a conduta do jornalista no Art. 4º "O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, 
deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação."

Ao livro Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas o jornalista  escreve em tom de crítica: "Já na página 248, uma ‘dica’ inusitada e perigosa: “... 100 gramas de maconha podem ser considerados uma quantidade razoável para um usuário diário”. Sua postura diante trabalho dos autores é o que distorção daquilo que se debate no texto "O usuário de drogas", no subtítulo "Critérios para identificação do usuário". O que os autores estão debatendo não é a quantidade de drogas que um usuário é recomendado usar, os autores estão debatendo a identificação deste usuário ao invés de prontamente criminalizá-lo em igualidade ao traficante. Tentando preservar aquilo que os autores diziam, é  bem diferente alguém que tem em posse 100 gramas de maconha e alguém que tem 100 gramas de cocaína.

É merecedor de repúdio uma leitura tão leviana como a do jornalista, sua atitude irresponsável com a informação é de apropriar seus leitores a reforçar seus preconceitos ao invés de propiciá-los uma inserção ao debate em questão. A redução de danos é uma direção de trabalho em saúde, não é apenas algo apenas no Brasil discutida, outros países. Também é leviano reputar apenas o jornalista promover aos seus leitores uma opinião tão ignorante e distorcida dos fatos, o jornal O Dia é ainda mais merecedor de repúdio que o jornalista.

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