03 setembro 2011

Ocupação UFF

Minha pretensão nesta postagem é a de registrar um acontecimento que sinceramente me surpreendeu. Não imaginava que antes de terminar a faculdade veria uma manifestação dos alunos da Universidade Federal Fluminense como agora acontece e, principalmente, não pude deixar de surpreender por tamanha participação do curso de psicologia nos debates que estão ocorrendo. Hoje a UFF é uma das universidades do país que os estudantes ocuparam a reitoria, manifestações em diversos lugares do país estão acontecendo e raramente são divulgadas pelas grandes mídias, e quando algo se comenta é sem profundidade e baixa qualidade, demonstrando lamentavelmente um desinteresse em fazer um jornalismo investigativo.
Algumas referências podem ser apontadas para situar o que realmente está acontecendo de manifestação dos estudantes, neste sentido foi criado um blog para divulgar as atividades da ocupação, que foi nomeada Maria Cremilda e Manuel Gutiérrez , pelo endereço http://ocupauff.wordpress.com/

11 julho 2011

Pausa

Mão direita machucada, acho incômodo digitar com ela. Não faço a mínima ideia de quando volto a postar alguma coisa.

Felicidades

Felicidade não deveria ser obrigação! Felicidade não precisa ser demonstrada.

Devo dizer que acho triste tanta gente cometendo a infelicidade de demonstrar sua felicidade, de modo que mais importante que a própria felicidade está a possibilidade de dizer-se feliz, o uso de fotos demonstrando viver emoções maravilhosas e companhias fantásticas conduzem a ideia que a pessoa é de fato feliz... mas se você quer mesmo saber se uma pessoa é feliz convido a perguntá-la de seus sonhos e seus medos.

21 abril 2011

não é uma escolha...

Não há escolha, pensou Cristiano. Diante daquela sensualidade, provocativa, de fazer seus olhos brilhar de espectativas, não haviam escolhas.
Não precisou nem sair de seu confortável lugar ao bar, ou mesmo de largar seu copo de whisky. Cansada das cantadas sem graça de outros ela o abordou, percebendo nele uma naturalidade e confiança em si mesmo, tipo de cara que não é tempo perdido ao menos cumprimentar.
Cristiano não exigiu dela nem amor, nem sexo ou nem amizade, e talvez por isso consegue oferecer e receber com as mulheres tais laços. Cristiano não escolhe quando tais coisas devem se dar, pois fazem parte da vida, nela está, acontecem principalmente quando não se tenta controlar.

26 fevereiro 2011

Tiririca

A notícia de que Tiririca foi escolhido para integrar a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados tem dado o que falar, muita gente indignada e que considera isso uma palhaçada. Sinceramente, não vejo o que há de preocupante nisso, é o fato dele são ser bem alfabetizado que o torna incapaz de atuar em benefício da educação e da cultura? Se é isso mesmo, então, não entendo também porque a educação tem piorado tanto nas mão de tantos outros personagens extremamente qualificados.
Em um pais que tem por realidade uma péssima qualidade de ensino público, que incapaz de providenciar igualdade de direito de educação, é exigir demais que seus representantes tenham todos um nível de educação exemplar, até o exemplar exigido é deturpado.
Participação da vida política não pode ser determinada com exclusão funcional, ela pode ser dificultada e fazemos isso muito bem. É uma falsidade dizer que o voto é nossa maneira mais efetiva de representação. Por exemplo, um heterossexual pode muito bem assumir compromissos para com os direitos do homossexual mas não o faz tão frequentemente, a representação de homossexuais por indíviduos homossexuais é uma necessária realidade aos direitos, achamos no entanto que pobres ou indivíduos com educação precária devem ser representados por outros que conheçam suas necessidades, ou seja: uma minoria pode se representar, mas uma maioria deve ser representada por uma minoria? Não... deve ter alguma coisa errada nesta lógica, não pensamos assim... pensamos?
Sou a favor de favelados, professores de rede pública, analfabetos, ambulantes de ônibus e mendigos, e tantos outros miseráveis não apenas votarem apenas um ano ou outro no mês de outubro. É muito pretencioso achar que individuos que nunca dependeram de políticas pública de educação terão interesse em tornar a educação eficaz, e isso não quer dizer que um interlocutor diferente solucione todos os problemas, inclusive pode também não fazer nada, mas ao menos faz evidente os preconceitos que parte da sociedade olha para notícias como essa. 
Acho justo analfabetos funcionais participarem ativamente das decisões do Estado.

Elogio do Amor

"Amor choque, amor loucura, amor incomensurável, amor ardência... Tentar falar dele parece-me diversamente mas não menos terrivelmente e deliciosamente embriagador que vivê-lo. Ridículo? Louco, talvez. O risco de um discurso de amor, de um discurso amoroso, provém sem dúvida principalmente da incerteza de seu objeto. Na verdade, do que se está falando?(...)"
Julia Kristeva.

21 fevereiro 2011

Eu sou apenas um rapaz latino americano

Considero fantástica toda obra de Belchior, é alguém pouco compreendido. Autor de "Como Nossos Pais", música que tal como a "Eu sou apenas um rapaz latino americano" tem sua crítica a Caetano Veloso e a turma da tropicalia. A música dele fala, não é preciso falar dela.

Eu sou apenas um rapaz latino americano

Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior

Mas trago na cabeça uma canção do rádio
Em que um antigo compositor baiano me dizia
Tudo é divino, tudo é maravilhoso

Tenho ouvido muitos discos, conversando com pessoas
Caminhado o meu caminho, papo o som dentro da noite
E não tenho um amigo sequer que ainda acredite nisso não
Tudo muda, e com toda a razão

Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior

Mas sei que tudo é proibido, aliás, eu queria dizer que tudo é permitido
Até beijar você no escuro do cinema quando ninguém nos vê

Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve
Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve
Som, palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém
Sem querer ferir ninguém

Mas não se preocupe, meu amigo com os horrores que eu lhe digo
Isso é somente uma canção
A vida realmente é diferente quer dizer, ao vivo é muito pior

Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco
Por favor não saque a arma no saloon, eu sou apenas um cantor

Mas se depois de cantar você ainda quiser me atirar
Mate-me logo à tarde, às três que à noite eu tenho compromisso
E não posso faltar por causa de você

Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior

Mas sei, sei que nada é divino
Nada, nada é maravilhoso
Nada, nada é secreto
Nada, nada é misterioso não

19 fevereiro 2011

Ser mulher

Os homens não nos entendem. Eles dizem que nós somos difíceis de entender - e isso é uma verdade - mas nem compreendem esta afirmação que fazem. Sim, somos difíceis de entender e é parte de nosso mistério, repousa na alma de cada mulher um pouco de poesia. Poesia é inspiração, é desejo que recria a realidade e modifica suas razões, nela não se quer o óbvio e as palavras que preenchem as lacunas em branco exigem labor.
Palavras não são apenas palavras, não para nós mulheres, elas também dependem de quem as fala ou escreve, dependem daquilo que sentimos, daquilo que queremos, depende de nosso êxtase: por vezes, até mesmo as palavras mais sujas podem nos ser palavras belas, nem sempre nos é o puro e simples elogio que nos agrada, está na profusão de nossos sentidos transbordarmos, não nos satisfazemos na quietude. Gostamos de novas descobertas, descobertas que nos faça existir não como coisa, mas existir como um ser fenomenal que não merece o esquecimento de todos os mistérios sido descobertos.
Não posso definir o que é ser mulher. Não posso e não quero! Talvez seja nisso que os homens erram em tentar nos entender, por achar que podem ser homens a nos definir por mulheres. Ser mulher, não sinto como oposição e sim por uma diferença, é ter a possibilidade de transitar para fora de uma regra e ter liberdade.
Não conheço forma de ser mulher, simplesmente sou. Por vezes é certo que somos pressionadas a nos expressarmos em algo que se acredita por ser mulher, mas não passa de uma tentativa artificial de nos prender em esteriótipos, tentativa de tratar a fotografia de uma paisagem como realidade de todo um mundo.
Se na mulher existe tão vasta riqueza, que não possível enumerar, é apenas porque permitimos a vida e sua experiência elaborar o nossa forma de existir, ainda temos a liberdade de poder sonhar.

17 fevereiro 2011

Eu e outro

Não são apenas os outros que não nos entendem, talvez seja fácil e aliviante apontar não ser compreendido. Por vezes leio meus próprios textos antigos, me surpreendo que lembro tê-los escrito apresentando clareza que não consigo por vezes ler. Peguei uma postagem feita a mais de 3 anos e tentei reescrevê-la, achei cansativo e deixei incompleta por enquanto. Quero fazer com que o autor contribua ao meu texto atual, ao reinventar o seu texto quero também transportar um pouco de sua imaturidade, ganhar maturidade também tornou-me um pouco incapacidade de compreender coisas que eu dizia - minha realidade é outra, não é a mesma - não o compreendo mas lembro que ele se sentia diferente de como me sinto, é nisso que ele pode contribuir.

15 fevereiro 2011

TDAH

Ontem fui buscar meu primo de 9 anos na escola, mesma escola que estudei e que me é ao mesmo tempo tão estranha, meu primo portava um livro chamado "Mundo da lua" e achei legal ele ler porque "No mundo da lua" era um programa que pertenceu a minha infância. Perguntei se ele estava gostando, se divertindo com o personagem homônimo, suas aventuras em que até o avô participava, e me respondeu que não chegado a nada assim, peguei o livro e constatei que seria impossível, pois não era o que eu pensava, tratava-se de um livro sobre TDAH.
Personagem como Lucas, em Mundo da Lua da TV Cultura, e Menino Maluquinho, do Ziraldo, são praticamente combatidos pelo que se entende por TDAH, uma verdadeira contradição contemporânea. O especialista no livro em questão, em entrevista a Marília Gabriela, afirmou que desde o século 18 existem relatos indicando a existência do transtorno, mas não diz como que pessoas viviam com este transtorno, talvez porque a maior preocupação do especialista esteja em torno de legitimar os tratamentos contemporâneos. A intervenção mediocamentosa é a principal forma de tratamento, medicando uma forma de existir, adequando comportamentos. Estranha contradição de nossa sociedade pregar o respeito pelas diferenças e, ao mesmo tempo, dar sentido para algumas diferenças como doença. Aceitar o status de doença é uma forma intessante de livrar-se do peso de existir, pela doença não se tem responsabilidade e apenas é possível sofrer seu mal, o diagnóstico indica a possibilidade de viver sem culpa uma incapacidade.
A Ritalina, que usada para amenizar o TDAH, recebe como apelido "a droga da obediência" e chega a ser irônico, "A Droga da Obediência" é o nome de um livro escrito por Pedro Bandeira, que era muito comum recomendada a leitura na própria escola. Demais irônico que hoje ao invés do livro a escola recomenda a própria droga, assim como pais que leram o livro aceitam médicos a prescrevendo, e crianças aprendem com o TDAH que tem exemplos na vida em que superação não existe.
Em suma, quando ouço alguém legitimando o TDAH e da Ritalina não consigo deixar de lembrar da música Another Brick in the Wall de Pink Floyd. Abaixo encontram-se o clipe desta música e uma matéria da Globo News sobre o assunto.



14 fevereiro 2011

Decepções

Algumas coisas na vida são de fácil superação, outras arrancam de modo tão forte crenças que em uma vida inteira construimos de modo a mesma crença não fazer sentido.

Foi o que pensei após pedir um acarajé caprichado na pimenta: pimenta fraquíssima e a baiana ainda disse para tomar cuidado que estava quente... deu vontade de comer comida mexicana.

13 fevereiro 2011

Amor

Qual sua orientação de amor? Eros? Philia? Ahava? Ágape? outra exterior a da cultura judaico-cristã ocidental? Fala-se de amor o tempo todo, até mesmo fala-se de amor cortês do ponto de vista do amor romântico. Sustentar este sentimento chamado amor é no entanto o desafio, um desafio que se deixa cair pelo discurso. Afirmar o amor não é vivenciar a história de outros e sim vivenciar sua própria história: sem receita e sem forma.

03 janeiro 2011

História de novela

Joana sonhava em encontrar um homem romântico e carinhoso, destes valorizam uma mulher e apenas apenas fazem delas troféus de suas conquistas sexuais.
Conheceu Ricardo, um rapaz tímido mas corajoso o suficiente para em público presentea-la com flores, nas gentilezas de Ricardo reconheceu que aquele era o homem que sempre sonhou. Foi com bastante felicidade de aceitou ficar noiva com um pouco mais de um ano de namoro.
Quando Joana conheceu Sérgio, no dia que ambos começavam um curso de fotografia, não era possível imaginar que aquela mulher tão satisfeita com seu noivo se lançaria aos braços de outro. Sérgio não era como Ricardo, não tinha como atributo ser atencioso, era mais um tipo meio blasé, trocava de mulheres como quem troca de roupa. Joana por uma semana estava sempre perto de Sérgio e sempre encontrava um meio de tocá-lo, até mesmo enconstar a cabeça no ombro indiferente dele. Quando Sérgio tentou beijá-la ela evitou perguntando se ele sabia que ela era comprometida, Sérgio respondeu que sabia disso e tentou novamente sem desta vez ela hesitar.
Por alguns meses Joana era de dois homens, mas tudo acabou entre ela e Sérgio no dia que ele confidenciou que estava gostando dela. Joana afirmou que eles tinham algo muito carnal e que aquilo nunca poderia vir a ser amor, que ficou preocupada que naquelas semanas anteriores estavam parecendo um casal quando deveriam ser apenas amantes. Sérgio ia embora quando ela disse que o queria pelo menos uma última vez, achou aquilo mesquinho, e ela ainda o tentou explicar que Ricardo a amava e que fazia parte de sua vida, com Ricardo ela disse que tinha carinho, afeto e companheirismo.
Sérgio voltou a trocar constantemente de mulheres, isso o permitiu esquecer Joana. As palavras de Joana permitiram também desiludir-se que finalmente se apaixonaria. Sérgio nunca foi de dizer amar ninguém, mas tinha a opinião que amor não era como nas novelas (onde o amor vem primeiro e depois a intimidade), para ele o ato de amar estava seguinte a intimidade social e do corpo dos amantes.
As palavras de Joana demonstraram para Sérgio uma mulher que ele não tinha intimidade e logo não poderia por ele ser amada. Joana disse que Ricardo a amava e estava certa na flexão do verbo, não sabia quando disse isso havia também Ricardo conhecido outra mulher e alguns meses depois terminaria o noivado.
Joana perguntou para Ricardo do porquê dele fazer aquilo, ela fatalmente não gostou da resposta. Ricardo afirmou que por mais que gostasse da companhia dela e tivesse tanto carinho e afeto era pouco, faltava paixão, sentia que estavam presos a uma vida fria e que possivelmente só ficaram juntos porque ele tinha medo da solidão.
Joana, já solteira, procurou Sérgio. Disse que estava bastante arrependida da decisão que tomou e que esperava eles pudessem uma nova chance dar um ao outro. Sérgio disse para ela continuar a vida, e não era possível ele querer mais nada com ela, que esta chance já havia passado quando era uma decisão e não apenas uma falta de escolha.

Joana treme de raiva quando houve Roberto Carlos ou a Gal Costa cantar Sua Estupidez.

02 janeiro 2011

Lembrança de um vício

Festas tem destas coisas de dificilmente o horário de seu início ser o horário em que realmente começa, neste caso a festa era uma festa ao som de rock que o amigo marcou para comemorar o aniversário, o início era 22hs e já as 22:30 ele foi o primeiro a chegar. Sentou-se em um sofá e observou chegando algumas das poucas pessoas que meia hora se puseram a entrar, o seu amigo aniversariante não havia até então chegado mas pode se fascinar neste pouco tempo por uma bela mulher que entrou no estabelecimento.
Antes mesmo de meia-noite a casa estava lotada, seu amigo chegou e a mulher em meio a tanta gente era ainda fácil de seus olhos encontrar mesmo quando não procurando. O sentimento de alegria por comemorar o aniversário do amigo era grande, era daquele tipo de amigo que é sempre uma alegria encontrar, mas a presença aquela mulher embaçava a vivência desta alegria. Percebeu que não apenas ele notou aquela mulher, passou com isso a propositalmente seus olhos encontrá-la, como quem tinha uma responsabilidade, notou que ela dispensou todos que flertaram com ela e que em algum momento poderia ser ele a ser dispensado.
Eram por volta de 01:30 quando pediu sua primeira cerveja depois de meses sem beber, voltou para a pista agora não muito próximo do grupo do aniversariante e amigos e nem a mulher, enquanto dançava percebeu também que estava na mira de outras mulheres que não o interessou, manteve o desinteresse nestas outras e meia hora após esta ele mais próximo daquela mulher.
Já mais próximo dela sentiu a necessidade de tomar uma outra cerveja, quando voltou aquela mulher o ofereceu um cigarro, ele que também por muito tempo não tinha mais o hábito de fumar não estranhou aceitar aquele cigarro, e nem o incomodou o gosto. Também não entranhou seus lábios alcançarem o dela.
Nunca mais viu aquela mulher, depois das horas que passaram juntos, mas os cigarros ele vê e sente quase todos os dias.