
Em sua publicidade existem diferentes atrativos, basta fazer uma busca pela internet para descobrir notícias de que é um seriado rodado na Colômbia, ou que nele há uma personagem lésbica. Em sua sinopse: “Psiquiatra usa habilidade de penetrar na mente de seus pacientes para ver como eles pensam e cria métodos de tratamento muito pouco ortodoxos”.
O seriado pretende ser inovador havendo uma clara descentralização do tratamento na farmacologia para “outra coisa”, e nessa “outra coisa” é que o seriado ganha uma dimensão pobre daquilo que ousa retratar que é a utilização de métodos pouco convencionais de tratamento. É incrível que em uma hora de episódio seja possível ater-se a detalhes que possíveis fazer conhecer a forma de intervir no sofrimento mental dos seus pacientes e realizá-las, ao fazer isso coloca a loucura em uma lógica na qual qualquer um tem condições de compreender se tiver interesse e boa vontade de ajudar, de fazer o bem. Que o tratamento psiquiátrico deve conter alternativas outras que não apenas a farmacológica é afirmativamente uma aposta válida, e muito, no entanto não é apostando a veracidade de nossos próprios valores, tais como família, trabalho, amor, companheirismo, verdade, entre outros que se encontra o lugar da loucura em habitar fora de um hospital psiquiátrico. Se chamamos algo de louco é porque este encontra-se em um campo diferente aos valores sociais que compartilhamos, ou melhor, que achamos compartilhar. O amor de uma erotomaníaca é um exemplo de valor (amor) que para um ouvinte desavisado parece expressar o sentimento verdadeiro que daquilo que chamamos por amor, mas se para um ouvinte desavisado “parece” é porque antes de conhecer a história este ouvinte quer julgar se verdade ou não, enquanto na loucura procede como no slogan do filme Estamira, e que fala da própria: Tudo Que É Imaginário Tem, Existe, É.
Assistindo aos três episódios, que até então foram ao ar, fica uma sensação da medicina ser a única responsável por tratar esquizofrenia, como sendo irrelevante um tratamento interdisciplinar, e mais que isso, parece que tratar da loucura é tratar apenas do louco, isso equivale dizer que nada do social é de comprometimento com a loucura.
É considerável dar uma chance ao seriado mostrar-se menos ingênuo, até agora pouca coisa nele apareceu que condiz com a realidade dos tratamentos psiquiátricos que não manicomiais, o seriado faz parecer que o sistema de tratamento em saúde mental nos EUA está extremamente atrasado, pelo menos essa é a consideração que alguém com experiência em saúde mental tem ao assistindo a série